Analógico ou Digital?
Digital - “Nós sabemos que a troca de música pela internet é o futuro e não tem como fugir. Por isso criamos a Trama Virtual ”, conta Alexandre Matias, jornalista responsável pela versão online da Trama. O portal de música independente da Trama [tramavirtual.com.br] disponibiliza de graça músicas de mais de 27 mil artistas, com uma média de 50 mil músicas baixadas por mês. Qualquer banda pode mandar seu material [release, fotos, MP3 ou links] para ser publicado no site.
“A internet acaba substituindo um intermediário, seja a gravadora ou o agente fonográfico. Por isso, essa coisa de vender disco vai acabar. O artista vai ter que encontrar uma outra forma de ganhar dinheiro”, explica Matias.
A iniciativa da Trama se desdobrou no Brasil em muitos outros portais de música ou selos virtuais, como o SenhorF [ senhorf.com.br], Antena [antena.art.br], Container Inc. [www.container-inc.org], Fronha Records [fronharecords.trix.net], reciferock! [reciferock.com.br].
Analógico - “Ainda não existe uma tecnologia que revolucione o mercado fonográfico de maneira boa. A Mp3 e os estúdios digitais estão acabando com as grandes gravadoras. Temos agora que aprender a trabalhar com essas tecnologias e fazê-las gerar renda para os selos e para as bandas”, pondera Jera Cravo, baterista da banda Automata e presidente da Associação Baiana de Selos Independentes.
“Para mim, essa coisa de disponibilizar o disco inteiro na internet é uma tendência de momento, vai passar. A maioria das bandas ainda acredita no disco. E eu também acredito - apesar de saber que temos que procurar outra maneira de gerar renda que não seja a venda de Cds”, completa Jera.
Fabiano também se preocupa com o novo formato de distribuição. “Tenho medo que com essa onda de discos completos na internet, apenas pessoas de boa condição financeira consigam gravar e divulgar seus trabalhos. Se a banda disponibiliza o disco inteiro, ela vende menos e vai ter que arcar sozinha com os custos da gravação, algo em torno de R$ 2 mil”, explica.
A banda paulistana Hateen já distribuiu seu trabalho pela rede, mas alcançou o sucesso selo Arsenal. “A internet tem ajudado a divulgar muita gente, mas nada tira a qualidade e o gostinho de comprar um álbum em uma loja, com encarte, letras e tudo mais“, explica Rodrigo Koala, vocalista e guitarrista da banda.
Mas a distribuição pela internet não significa o fim do álbum. Está tudo lá: um conjunto das canções, comparte gráfica e ficha técnica. Do mesmo modo que o disco de ascetato, o long play e a fita K7 entraram em processo de extinção, o CD também vai entrar algum dia. Já a música, esta vai existir para sempre - analógica ou digital.