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ZecaCuryDamm, a banda de nome esquisito, vem conquistando o público com seu rock canção
Luciano Matos
ZecaCuryDamm soa como se os Beatles, Beach Boys, Mutantes e Guilherme Arantes estivessem passeando juntos pelo Capão [Chapada Diamantina] e resolvessem fazer algumas canções à beira de uma cachoeira. O que se ouve é um som melodioso, tranqüilo, quase zen, meio acústico, com a base feita de baixo, violão e percussão. O grupo lançou seu primeiro disco “Sessões da Primavera” - um EP -, e 400 cópias foram vendidas em três meses. O que não é mal para uma banda que existe há cerca de um ano.
O nome esquisito foi retirado de seus três integrantes originais: Zeca [que tocava baixo, mas foi morar em São Paulo e foi substituido por Vitor Villas], Cury [o baterista] e Damm [vocalista e compositor]. A filosofia dele é o “conceito Flower”. “Falamos de positividade. Tudo up, pra cima, do bem. Acho que todo mundo busca o lado melhor da vida para se agarrar”, explica Damm, o responsável pelas vozes, violão e a maioria das composições do grupo.
A sonoridade da banda remete também a MPB dos anos 70 [aquela que pediu a benção ao quarteto de Liverpool], ao mesmo tempo em que não soa retrô, mas como canção pop do início do século 21. “A gente vislumbrava exatamente o que conseguimos apresentar com esse EP. A imagem da banda, o que a gente pensa, como a gente vê as coisas, tudo está ali. A gente sempre quis fazer esse som, que é rock, mas num formato "canção", que seja acessível a diversos gostos populares”, afirma Ricardo Cury, baterista do grupo.
Canções de amor e alto astral
Através de um conceito próprio, denominado “Flower”, a novata ZecaCuryDamm consegue criar uma pérola com seis belas canções, além de uma faixa escondida dos Secos e Molhados.
Músicas daquelas que não dão vontade de tirar do som e você se pega repetindo e cantando junto em poucos instantes. Muito bem produzido por Tadeu Mascarenhas e a própria banda, o EP “Sessões da Primavera” contraria quem diz que canções são coisa do passado.
É um pequeno exemplo de como se pode ainda fazer belas composições, falar de amor, com violão, refrão e alto astral. Pode soar meio repetitivo, mas a qualidade das canções permanece inabalável.
O violão norteia todo disco, acompanhado sempre pela melodiosa voz de Damm, o baixo de Zeca, a percussão de Cury e em alguns momentos também de piano, palmas, além dos trompetes de Alex Pochat, gaita de Glauber Guimarães, flauta de Flávio Hamaoka e o coro de amigos.
Durante pouco mais de 20 minutos o clima é de roda de violão, todo mundo sentado em poltronas e mão dada com a da namorada. Música para acordar cedo e seguir o dia com um sorriso estampado na cara. Daquelas para colorir a semana inteira.
Experimente “Já Não Dá Mais” ou “Eu e Você no jardim”, ou a graciosa “Amar é...”, com divertidas declarações no final. Dentro do clima descontraído, a banda solta o reggae “Reggreen”, onde brincam com as palavras e a sonoridade dos herdeiros de Bob Marley.
“Bom Dia Amor ou um Bilhetinho [cheiro de café]” segue num clima meio bubblegum. Em “Primavera”, uma linda e grudenta canção que deveria estar tocando na novela das sete, nas rádios, em todo lugar. Impossível não sair cantando. Tudo natural, simples e verdadeiro.