Pergunta da semana:
O que você acha do regime socialista cubano?
Comentário[s]

7/31/2006


Reféns do hype

Imagine a sede de uma fábrica de armas e tecnologia óptica na Rússia stalinista. Agora imagine o braço direito do ministro de defesa soviético entrando furioso no escritório do diretor da fábrica e atirando uma câmera fotográfica compacta japonesa em cima da mesa: "está vendo isso? como é que esses malditos conseguem?".
Foi mais ou menos assim que surgiu a idéia da câmera compacta LOMO, um brinquedinho da época da URSS que recentemente virou hype entre jovens do mundo todo. LOMO vem de Leningrádskoje Optiko Mechanitschéskoje Objedinénie, o nome da fábrica russa em questão, que reserva até hoje uma equipe operária exclusivamente feminina para montar as câmeras. A Lomo LC-A é uma câmera pequenininha, que cabe na palma da mão. Tem ajuste rápido de distância e lentes de alta qualidade. Durante o regime socialista, foi a coqueluche. Depois da abertura, o poder das câmeras compactas japonesas foi mais forte e a Lomo virou artigo de colecionador.
Até que, em 1991, um grupo de estudantes vienenses passeando por Praga encontrou as maquininhas. Compraram muitas e saíram por aí fotografando o que vinha na cabeça. As fotos fizeram sucesso e no ano seguinte foi criada a primeira sociedade lomográfica, reunindo amiguinhos que aderiram ao hype. E muita gente aderiu. As Lomos voltaram a ser fabricadas a todo vapor e novos modelos chegaram rapidamente ao mercado. A câmera olho-de-peixe (lente côncava), a actionsampler, com quatro visores, que dividem o segundo em quatro partes e tiram as fotos simultaneamente e por aí vai. O efeito é mais ou menos esse. Os lomógrafos são entusiastas da fotografia com Lomo, que "trabalham" segundo dez regrinhas de outro. Seu lema é: "Seja rápido, não pense, dispare". No Brasil a sociedade lomográfica está em São Paulo, naturalmente. Mas sempre aceitam mais membros. É só ir no site.
E na página da Sociedade Lomográfica Internacional dá pra conferir os trabalhos de lomógrafos do mundo todo, em suas exposições, painéis e congressos, modelos de câmeras e tudo o mais.

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7/25/2006


Eletroandroginia



Pegue referências como Daft Punk, Kraftwerk, Marilyn Manson, David Bowie, pós-punk alemão e funk carioca. Junte tudo isso no underground de Fortaleza, Ceará, e você tem a banda Montage.
Daniel Peixoto [vocais], Patrick Bachi [guitarra e programação] e Leco Jucá [groovebox e programação] estrearam em janeiro do ano passado num bar de Fortaleza e desde então não pararam de tocar.
Gravaram um CD demo que teve suas 500 cópias esgotadas em pouco mais de três meses. O que é um feito para bandas undergrounds na terra do forró.Isso não foi exatamente uma surpresa para eles, embora soubessem que estavam muito fora dos padrões musicais, comportamentais e ideológicos, por assim dizer, da sua cidade. “Eu esperava uma resposta, mas não sabia se a teria. Hoje tomou uma proporção que vai além do que eu pensei. Adoro!“, diz Daniel.
Não é apenas no visual ”glam Berlim anos 80” que a banda foge dos padrões. A sonoridade é um caleidoscópio de influências que vão do punk ao eletro, passando pelo funk.”Adoro a forma berrada que os MCs cantam. Eu tenho um pouco disso. E fora a batida que é muito pesada. Também adoro as putarias nas letras, me identifico com essa parte também. Acho o funk tão autêntico como o punk”.
CAMPARI ROCK – Hoje Fortaleza, amanhã o mundo. Se não era tão amplo o plano da banda, ao menos havia a pretensão de estabelecer um contato com outras cenas. ”Fomos atrás de contatos fora de Fortaleza bem cedo, assim que formamos a banda.Começamos por outras cidades do Nordeste como Teresina e Recife.
Depois Rio e São Paulo”. Agora o que não falta é show e convite para dividir o palco com bandas ilustres como o Gang of Four e o Cardigans, no Campari Rock, edição São Paulo, em 6 de setembro deste ano.
Nesse meio tempo eles dão entrevistas, tocam no ”Gordo Freak Show”, na MTV, fazem pose e gravam o CD de estréia da banda, que deve sair também no mês de setembro.Se eles serão o próximo hype? Talvez, mas não estão ligando muito. ”Cara, eu acompanho tudo de fora. Tenho o mesmo impacto que algum fã nosso tem com alguma notícia ou algo bacana que rola. As coisas vão surgindo e nós vamos trabalhando cada vez mais”, pondera.
No momento, não há previsão, mesmo que remota, da Montage aparecer em Salvador. Mas Daniel manda avisar que está a fim.
Eletropunk sadomasô
Sexo, drogas, rock‘n‘roll e violência são os principais temas explorados pela Montage. Tudo num clima de inferninhos sadomasô calorentos e porões londrinos.
I Trust My Dealer” denuncia o que vem pela frente, com uma pegada meio Vive La Fête, meio Marilyn Manson. A doçura cortante da voz de Daniel ajusta-se fácil à acidez das programações.“If You Like It” é sombria, como seu clipe [disponível no YouTube] que se inspirou na história do canibal de Rottenburg. “Hard“, com samples de gemidos femininos, e “I Lost You In The Swing Club“, com um vocal sintetizado lembram bastante Daft Punk.
A influência funk tem lugar em “Ginastas Cariocas”. Com os berros de “Vai Daiane, vai Daniele...”, acompanhados de batidões e barulhinhos de celular, tem potencial para virar hit nas pistas alterninhas.
Todas as outras músicas estão disponíveis na Trama Virtual , mas a sensação é de que elas se prestam melhor à performance ao vivo. Mas vale a pena conhecer o próximo hype.

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História em quadrinhos

Danilo Fraga

Em 20 de março de 2003, os exércitos americano e inglês iniciaram uma ofensiva terrestre contra o Iraque. O ataque fazia parte da “guerra contra o terror“, iniciada após os ataques de 11 de setembro. Em 1º de maio do mesmo ano, o presidente americano George W. Bush declarou o fim da guerra e a dissolução do governo de Saddam Hussein.
Nesta mesma época, o jornalista Anthony Lappé estava no Iraque. Ele escrevia sobre a guerra para seu blog [anthony.gnn.tv], enquanto filmava o documentário “Battleround: 21 Days on the Empire’s Edge”. A partir de sua experiência no fronte, Lappé criou os quadrinhos “Shooting War“ – publicados toda semana no site da Smith [smithmag.us/shootingwar], uma revista online.
“Os quadrinhos foram inspirados no meu trabalho como reportagem na guerra do Iraque. Não é exatamente sobre o que eu vi e o que eu fiz lá, mas sobre o que eu pensei e sonhei também”, explica Lappé em entrevista a A TARDE.
Além das ilustrações de Dan Goldman, a série conta com a trilha sonora de DJ Spooky, feita a partir sons reais, gravados por Lappé no Iraque. O décimo episódio da série entra no ar amanhã.

GUERRA SEM FIM Segundo Bush, a guerra do Iraque acabou em maio de 2003. Mas um dossiê apresentado pela Missão de Assistência da ONU no Iraque [Unami] mostra que, depois do “fim“ do conflito armado, houve mais mortes que na própria guerra. Desde o cessar-fogo proclamado por Bush, pelo menos 50 mil pessoas já morreram – das quais, 18.933 em ataques militares e terroristas, entre 5 de abril de 2004 e 1º de junho de 2006. É disto que trata “Shooting War”.
“Quando se fala de histórias em quadrinhos, a maioria das pessoas pensa em heróis com fantasias. Mas, nos últimos anos, tornaram-se freqüentes HQs não-ficcionais, de diversos gêneros e estilos”, explica Aristides Dutra, mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ] e pesquisador de quadrinhos.
Além da série “Shooting War“, que mistura realidade e ficção, as histórias em quadrinhos usam vários caminhos para se relacionar com a História e com o jornalismo. Desde biografias, como a série “Maus“ de Art Spiegelman, que conta a história de Vladek e Anja [pais de Art] nos campos de concentração na Segunda Guerra, até os livros-reportagens de Joe Sacco, que mostram a realidade pós-guerra na Palestina e Sarajevo.
“Uma reportagem pode ser riquíssima em detalhes, mas uma boa charge é muito mais eficiente para transmitir uma opinião. Funciona do mesmo modo nos quadrinhos jornalísticos“, explica Aristides.

FICÇÃO REAL – Em “Shooting War” o enredo se passa em 2011. Neste futuro, a guerra do Iraque nunca acabou de verdade e o terrorismo tampouco. ”Os americanos tiveram a oportunidade de fazer a invasão ao Iraque funcionar, mas eles erraram em tudo. Nós esperávamos a volta da ordem e da justiça no país, mas o que aconteceu foi caos e violência.
Os iraquianos tiveram seu 11 de setembro e, por isso, acho que essa situação desastrosa ainda vai durar por anos”, explica Lappé.
O personagem principal é Jimmy Burns, alter ego de Lappé. Ele é um jornalista militante que presencia um ataque terrorista enquanto fazia uma reportagem para seu blog.
Depois de conseguir as imagens em primeira mão, torna-se uma lenda no meio jornalístico e é mandado para o Iraque por uma grande rede de televisão. Ele deveria apenas cobrir a guerra, mas acaba preso por um grupo de terroristas.
“No futuro em que minha história é contada, o mundo vive uma crise global de petróleo, os EUA estão em recessão e a guerra civil no Iraque ainda dura. O cenário pode até ser pessimista, mas é só olhar para os jornais de hoje para ver que ele não é nada impossível“, explica Lappé.

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7/22/2006


Kiko Glamuroso

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7/21/2006


Da série Falta Do Que Fazer

O site cognatas reúne um monte [dá para passar uma semana inteira rindo] de músicas em inglês com pequenas partes em português. Tipo, "Keep on with the force don't stop" da música "Don't stop 'til you get enough" de Michael Jackson vira "Kibom, fui no posto".
Como eu sou bonzinho, e tava sem nada mais útil para fazer, selecionei as cinco melhores. Deu trabalho. Portanto, ouçam.

Gweneth Paltrol - Chico Anísio
Beatles - Pica Imunda
ABBA - Vá lavar seu cu
Double You - Gisele a minha vó
Aretha Franklin - Usa o menu

Diversão garantida ou seu dinheiro de volta.

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7/20/2006


Matilha

Durval Weyll*
Então Lígia dirige eufórica, repleta de problemas que serão aliviados com um baseado e bom sexo antes de dormir. A demissão de parte do quadro de funcionários na empresa a deixa preocupada, mas seu namorado, Carlos, pode fazer a situação parecer menos deprimente. Ela tenta pensar em carícias sem pressa, beijos fogosos e mãos perdidas sobre o corpo enquanto avança mais um sinal vermelho, temerosa pelo horário nas vias ilheenses. Ao sair do Polo Industrial, imagina o Alto do Amparo para comprar as cinqüenta gramas de maconha a fim de durar a semana, pois na Conquista e na Santa Clara as bocas passaram a vender um material prensado com amônia que irrita a sua garganta e a deixa com uma dor de cabeça aguda.

Lígia tenta sentir algo pelas menores na beira da pista, com trapos tão minúsculos que chegam a ser ridículos, mas não consegue; tudo parece pior -mais gélido- a cada dia. Garotas de treze a dezessete anos se prostituem por cinco reais ou uma pedra de crack, fato já comum e inabalável às pessoas da sociedade. As meninas se prostram faceiras, em mãos erguidas, esperando por um porco que alivie a dor de seu vício.

Após contornar o Parque Infantil e seguir à esquerda no semáforo para a Avenida Oceânica, Lígia está na decadente zona boêmia da cidade. Antigamente havia um fluxo imenso de caminhoneiros que -com o seu apetite sexual- traziam doenças venéreas de todo o Brasil para a localidade. O relógio marca onze horas e Lígia se apressa, antes que Carlos durma.

Ao subir a ladeira para o Alto do Amparo Lígia percebe algo fora do habitual, que seria três ou quatro boqueiros andando pela rua; tudo está tão calmo que o barulho do motor chega a ser uma agressão. Dirige-se ao final da rua escura em frente à igreja evangélica para encontrar alguém e nada vê, portanto, resolve sair do carro e buscar por um caboclo que dispense a erva.

Lígia caminha pelo escuro e vê um rapaz atordoado que, após a perceber, caminha ao seu encontro. Em pânico parecido -ou de fato- com o efeito do crack, ele pergunta:

-E aí, qual vai ser?

-Quero cinqüentinha da massa.- responde a moça.

-Nós tem pedra também, é o pânico!

-Não, só a massa mesmo.

-Se ligue, cliente, cinqüenta tá russo! Só tem bala de cinco.

-Aí você me quebra, mo fio!

-Nós tudo já é quebrado mesmo!- sorri o rapaz.

-Então faz o seguinte, me passa quatro balas.

-Tem como me arrumar dois real pra fazer intera numa bicha?

-Tem não.

-Porra, madame, tu chegou pra comprar cinqüenta e não quer me considerar dois real?

-É, né? Depois fico sem grana pra comprar as tais cinqüenta.- Lígia expressa certo desprezo.

-Qual é a sua, vadia, tá fazendo marra, é?- o rapaz faz uma careta inteligível.

Lígia se preocupa e diz:

-Olha, deixa quieto. Eu vou indo.- caminhando para o carro.

O rapaz a segura pelo braço e esbraveja:

-Qual é, vadia, tá pensando que eu sou viado, é?

-Moço, me larga agora!- assustada, mas com um olhar decidido.

-Ih, olha só a vadia: sobe no morro cheia de regra e acha que pode mais que o outros!- assustando Lígia.

-Moleque, me larga.

-Cadê o real?- passa a mão esquerda nos bolsos da moça.

-Ei, quem você pensa que é, caralho?- tenta chutá-lo sem sucesso.

O rapaz a empurra contra a parte de fora da porta do carro e a estapeia na nuca com o dorso da mão, dizendo:

-Sua fela da puta, aqui não tem ninguém pra me mandar parar.

Lígia cai no chão e muda o discurso:

-Moço, façamos o seguinte, eu te dou a grana e você me deixa ir.

-Passa esse caralho, vadia.

Lígia tira os trinta e cinco reais do bolso e estende a mão:

-Toma, fica com ele.

-Eu tô desconfiando que tu tem mais do que isso, vadia. É só olhar pra essa barca que te trouxe pra me deixar empolgado.

-Não tenho nada mais.- realmente não tem, além de documentos da empresa e alguns cartões de crédito em sua bolsa.

-Fala sério, sua vagabunda, eu vou entrar contigo nessa porra e procurar. Se eu não achar grana vou ter que te meter a pica.

-Moço, não precisamos resolver as coisas assim.

-Então me passa o real.- Lígia, no chão, está entre as pernas do rapaz.

-Mas eu não tenho.- Lígia chora.

O rapaz, ao vê-la chorar, não se abate e comenta:

-Vai chorar? Assim que é bom.- empurra-a para o banco do fundo do carro, entra logo em seguida e fecha a porta. -Vou esperar a madame tomar uma atitude pra eu fazer uma festa hoje.

-Moço, já te disse que não tenho nada.

-Não quero nem saber.- dá um soco na face de Lígia e desabotoa as calças. -Quer fazer marra?

-Moço, não faz isso, pelo amor de Deus!

O rapaz esbofeteia a cara de Lígia algumas vezes e arranca a sua blusa:

-Belas tetas, vadia. Sabe que nunca comi uma branquela tão gostosa? Tira a saia pra evitar trabalho!

-Não vou tirar. Você não vê que se compromete fazendo isso?

-Como? Tá noiada, desgraçada?- arrancando a saia e a calcinha de Lígia com raiva.

Lígia grita desesperadamente enquanto o rapaz a esmurra sem piedade, até a calar. Com o rosto desfigurado, cheio de hematomas, a moça se entrega para que tudo termine o mais rápido possível.

*Durval é estudante de Admnistração e leitor do Dez!. Mande seu texto para cá.

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O futuro é passar o chapéu

E a nova moda do jornalismo em internet é o "toma lá, dá cá", ou, no termo mais utilizado, o sistema de micropatronage. O sistema funciona mais ou menos assim: eu, jornalista sem dinheiro e blogueiro fiel, estou querendo me dedicar o mais integralmente possível à produção jornalística pela internet. Se vocês, leitores amigos, se interessam pelas coisas que eu escrevo, podem doar algum dinheiro, qualquer quantia, para me manter em atividade. Hein? Hein?
Parece cara-de-pau, mas tem dado certo.
O sistema já era utilizado em alguns sites de organizações baseadas na internet, como por exemplo o da Wikimedia Foundation, os criadores da enciclopédia virtual Wikipedia. No ano passado, Jason Kottke resolveu ressuscitar o nome (o termo micropatronage existe desde 2001) para o sistema e adotá-lo em seu blog. Conseguiu se sustentar por um ano, mas acabou desistindo. Logo depois, o jornalista e multi-funções Joshua Ellis arrecadou US$ 500 para ir até Trinity, no deserto do Novo México, fazer uma reportagem sobre os primeiros testes com bombas atômicas, feitos na região. A partir do êxito de Ellis, os termos micropatronage e net - funded journalism (jornalismo financiado pela rede) se espalharam pelos blogs e revistas eletrônicas especializadas nos EUA. Já é possível encontrar escritores, músicos e todo tipo de profissionais pedindo um extra na internet. Jornalistas também, naturalmente. A crítica de cinema Maryann Johanson, que escreve no Flick Filosopher, até dá presentinhos aos doadores mais generosos e frequentes.
Antes de dar uma conferida nos sites de Kottke e Ellis, é preciso conhecer o trabalho de Christopher Allbritton, o pioneiro esquecido pela história. Em 2002 Allbritton foi para o Iraque em busca de matérias. De volta ao lar, conseguiu arrecadar, através do seu blog Back to Iraq 2.0, cerca de US$ 15.000 para retornar ao país e cobrir a guerra. Sucesso absoluto. Na época, não foi tão divulgado entre os bloggers-wannabe-jornalistas, mas o site está lá, como prova.
O sistema de micropatronage foi criado a partir do Street Performer Protocol (Protocolo do Artista de Rua), pensado para a distribuição independente de romances ou música pela internet. O artista divulga a produção de um livro e pede um "resgate" para os possíveis leitores, até o lançamento. Depois que consegue o dinheiro, o livro fica disponível na internet, de graça, para quem quiser.
Ao que parece, o futuro do jornalista não difere muito do presente. Ao vivo ou pela rede, o negócio é pedir uma ajudinha mesmo, porque o salário só não dá.

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7/19/2006


O Genoma da Música

Abriram a caixinha de música de Pandora.com e mapearam o “código genético” das canções
Danilo Fraga

Tim Westergren [foto] e Nolan Gasser estabeleceram diferentes classificações de música, baseadas nos tipos e níveis de instrumentação, melodia e estrutura harmônica.

A música está em todo canto: no rádio, no carro, no cinema e na internet. É tanta música que fica difícil escolher o que ouvir – e o porquê . Por isso, o pesquisador Tim Westergren e um grupo de musicólogos de Stanford dedicaram-se por seis anos ao projeto “Genoma da Música“.
A face mais visível do genoma está no Pandora.com. Como no Last.fm, o site pede para que você digite sua canção favorita e promete tocar outras igualmente boas. Mas, se o Last.fm escolhe as canções a partir das preferências de outros usuários , no Pandora, a escolha é feita por um software. “Nosso sistema analisa o DNA de sua canção favorita e procura outras que tenham uma certa familiaridade”, explica Tim.

Durante o desenvolvimento do genoma, sua equipe analisou 400 mil músicas de 20 mil artistas. “Analisamos desde melodia, ritmo e harmonia, até a instrumentação, arranjo, letra e voz”, explica. Ele garante ter encontrado cerca de 400 “genes“ capazes de mapear a música pop. “Queremos capturar a essência da música”, garante.

Ainda há poucas canções brasileiras analisadas. “A música brasileira é particularmente complexa. Precisamos de mais genes para dar conta de suas influências étnicas e rítmicas", afirma. Tim pretende começar este ano um novo projeto para mapear a música de todo o mundo.

Jukebox Global – Tudo começou nos anos 80, quando o especialista em multimídia Michael Naimark foi a Nova Iorque visitar o musicólogo Alan Lomax. Ele mostrou para Naimark centenas de músicas que havia gravado em 60 anos de viagens pelo mundo. Depois, com orgulho, pegou algumas folhas de papel com tabelas e gráficos estranhos e exclamou: “Toda a cultura da humanidade está aqui“.
Alan Lomax no arquivo de música em Nova Iorque

Nos papéis estavam compilados os estudos de Lomax e sua equipe da Universidade de Columbia. Eles haviam codificado música e dança de centenas de culturas ao redor do planeta. E estudavam a relação entre elas a partir da cantometria e da coreometria, metodologias desenvolvidas por Lomax.

O objetivo do encontro entre Naimark e Lomax era discutir o lançamento do “Jukebox Global“, um banco de dados multimídia que reuniria os estudos de Lomax. O software, que começou a ser desenvolvido em 1989, deveria contar com 4 mil músicas e mil vídeos de fenômenos musicais de mais de 400 culturas – além das análises de Lomax e sua equipe.

O resultado final ficou confuso e o “Jukebox Global“ nunca foi lançado comercialmente.
Mas Tim Westergren garante que o “Genoma da Música“ não teve influência direta do projeto de Lomax. “Seu esforço era ampliar o conhecimento sobre música. Eu quero apenas ajudar as pessoas a encontrar boas canções”, garante.

Abriram a caixa de Pandora. Só resta saber se existe algo de interessante lá dentro. Saiba.

Assista a um mini-documentário sobre o Jukebox Global de Alan Lomax

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Corra Lola, Corra

Alexandre Huang*A paisagem do motorista das grandes metrópoles brasileiras ganhou um novo componente. Além dos carros, ônibus, motos, vendedores ambulantes, vemos também, nas calçadas, parques e pistas de cooper de Salvador e do restante do Brasil, pessoas suando a camisa em suas corridas diárias. Um dos exemplos desse crescimento é a corrida Super 40, que vai acontecer no dia 30/7. Na disputa cada um dos 4 participantes da equipe corre 10Km. Além da Super 40, são disputadas em Salvador Meia Maratona Braskem de Revezamento e a Meia Maratona da Bahia, que já está no calendário internacional de Corrida de Rua.

Elas não correm à toa, porque são “loucos da cabeça”, mas sim porque buscam uma vida mais saudável, porque seus amigos e familiares também correm, porque querem participar das centenas de provas de rua organizadas anualmente e descobriram na corrida um esporte livre e desafiador, que possibilita mobilidade e adequação à agenda cada vez mais atribulada de quem vive nas grandes cidades.

Junto com o número de corredores, cresce o mercado voltado para esses praticantes, pessoas interessadas em algum produto. Um serviço que está crescendo são as assessorias esportivas. Além de planejar e orientar o treino, a assessoria oferece acompanhamento de nutricionistas, massagistas e parcerias com academias e lojas. As pricipais assessorias esportivas de Salvador são a HF Assessoria Esportiva, a Run Club, a ATP Run e a Multsport.

A questão agora é: a corrida veio para ficar? Ao observar os Estados Unidos, considerado “o país da corrida de rua”, temos um longo caminho a percorrer. Existem lá aproximadamente 40 milhões de corredores, sendo que 17 milhões participam de eventos organizados. Só nos 12 km de São Francisco são 100 mil corredores por ano. No Brasil, temos quatro milhões de corredores com 250 mil participando de corridas de rua. As perspectivas são as melhores. Daqui a alguns anos teremos muitos outros circuitos de corrida no Brasil.

*Alexandre Huang é formado em Educação Física pela UFBa

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7/18/2006


O bit e o beat da nova música

No Brasil, a banda Mombojó é o símbolo da distribuição de música na internet

Uma das frases mais legais nos estudos da comunicação é “o meio é a mensagem“, de Marshall McLuhan. Ela quer dizer que a configuração dos próprios meios é determinante para o sentido da comunicação. Ou seja, a mesma história, contada em romance, filme ou quadrinhos nunca será realmente a mesma história.

O assunto da vez é que a música está migrando para a internet. Não é novidade. Mas, em um novo meio, temos uma nova música? Estava pensando nisso, enquanto ouvia o primeiro disco do Mombojó – que ficou famoso por ter sido lançado na internet.

Lançar seu disco pela internet ou por uma grande gravadora tem sentidos bem diferentes. Da mesma forma que consumir música em CD ou no computador, celular e tocador de MP3. Mas será que a música em si mudou?

Depois de pensar um pouco cheguei a duas hipóteses, que podem parecer muito ridículas a princípio. Para mim, o meio digital refletiu em uma menor definição nas fronteiras entre o rock e a música eletrônica – não só na batida e nos samples, mas também na utilização de ruídos e barulhos diversos. Além disso, outra mudança foi a reabilitação do “low-fi“, de um tipo de gravação com menos qualidade, meio aguda e ruidenta – talvez pela baixa qualidade das MP3 e pela pouca potência da maioria das caixas de som de computador.

Ainda não chegamos aos jogos sonoros de que falava Hermano Vianna, mas a relação entre música e internet é mais profunda do que imaginamos. Muita coisa mudou, muito mais está por vir.

Ouça Mombojó:
cabidela
deixe-se acreditar
nem parece
discurso burocrático
a missa
absorva
o céu, o sol e o mar
adelaide
duas cores
estático
merda
splash shine
faaca
baú
container

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Test Drive do Pandora.com


Entrei no Pandora.com, busquei as canções “Blank Generation“ de Richard Hell e os Voidoids. E olha o que apareceu:

Terror Couple Kill Coronel
Bauhaus
In the Flat Field

“Estamos tocando esta canção por causa de seu vocal sedutor, do ritmo levemente sincopado e raízes punk”, dizia o site. Bom começo. A atmosfera escura do pós-punk do Bauhaus me atrai.


Ain´t that fun
Dead Boys
Night of The Living Dead Boys

Os Dead Boys são um tipo de Sex Pistols americano. Mas essa canção é mais lenta e trabalhada. Gostei de novo.




Down In the Tube Station at Midnight
The Jam
All Mod Cons

O som festeiro do The Jam tem algo a ver com o punk mesmo. Gosto da banda, mas não conhecia essa canção. Bom, parece até que alguém contou para eles o que eu gostava.

Leia aqui uma matéria maior sobre o Pandora.com. Leia uma pequenininha também.

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7/17/2006


2pac

Grafite de Izolag em homenagem ao rapper Tupac.

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Qual clichê de comédia romântica você é?

A Garota Problemática // Invariavelmente você se chama Alex, é bonita, porém meio estabanada e muitíssimo estressada. Sua carreira profissional é um caos e você não está satisfeita nem um pouco com sua vida. Sua mãe super protetora te liga todos os dias e enche seu saco querendo saber quando você vai casar. Seu namorado atual é um filho da puta que não te dá atenção. Seu amigo bacana é uma opção de um relacionamento mais estável e romântico, mas o fato de você achar ele meio afeminado impede qualquer tipo de envolvimento sexual. Dica: Procure investir num relacionamento com a Amiga Lésbica.

O Amigo Bacana // Seu nome é Ben, é um cara legal e amigo de infância da protagonista. Gentil, tímido e um pouco atrapalhado, ela adora usar seu ombro para chorar suas pitangas, e sempre você consegue animá-la com suas tiradas inteligentes e espirituosas. Todo mundo sabe que você é apaixonado por ela, mas ela parece não perceber. Os abraços fraternos e beijinhos no rosto que ela te dá logo depois de declarar que você é o irmão que ela sempre quis ter, fazem você querer morrer! Como a vida não é filme, amigo, você tem fortes chances de não comer ninguém!

O Bonitão Egocêntrico // Você pode se chamar Antony ou mesmo Albert e tem descendência européia. Bonito, atlético, inteligente e sobretudo rico, você seria o namorado perfeito, não fosse o seu narcisismo. Você se preocupa demais com sua carreira e quase nunca tem tempo de dar atenção à sua namorada carente. Meio infantil, você ainda não superou seu Complexo de Édipo e parece ter dificuldade em assumir relacionamentos sérios e adultos. Não se preocupe, caso a protagonista não fique com você no final, vai chover vagabunda no banco de trás do seu carrão.

A Amiga Lésbica // Você é a melhor amiga da protagonista, é gorda, se chama Shelly e é o elemento afro-americano que preenche a cota exigida por lei nesse tipo de produção. Você é mais escolada na vida do que sua amiga de traseiro branco por isso é sua conselheira fiel. Você aparece em poucas cenas, mas é um elemento fundamental. É você quem vai incentivar sua amiga a largar o Bonitão Egocêntrico e chamar a atenção dela (com insinuações enigmáticas, é claro) para o amor do Amigo Bacana. Dica: Não se deixe envolver pela curiosidade aventureira da Garota Problemática.

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Passa por cima da cabeça



Tenho mais medo, eles estão cada dia mais novos. Imagino a próxima geração.

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Drum and Bass com Bateria e Baixo

Depois de lançar dois singles independentes, Klaxons foi para aPolydor

Em Londres está crescendo a cena de "new rave". O movimento começou com o punk funk de Rapture e LCD Soundsystem e agora está sendo reformatado na Inglaterra. Aproveitando a confusão crescente nas fronteiras entre o rock e a música eletrônica, algumas bandas se propõe a fazer um "rock para festas".

Bandas como Klaxons, ShitDisco, Xerox Teens misturam tudo ao rock, de sirenes a bagunças eletrônicas de todo o tipo, lembrando até o Prodigy no começo. Só que eles tocam música eletrónica sem pickups. “Queríamos fazer uma dance music, mas com guitarras –sem eletrônicos. Foi nossa primeira idéia ”,explica Jamie. “Simplesmente nos sentamos, escolhemos as influências que achávamos legais e que não estavam sendo usadas por ninguém e começamos a tocar ”, diz o vocalista do Klaxons - banda que já teve mais de 360 mil acessos em seu MySpace.

Nem o Google conhece essa banda ainda. Mas tem coisas que ele conhece muito bem

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7/13/2006


Superman é pop

Greice SchneiderDesde seu surgimento, o Superman tomou conta de todos os lugares, atingindo o status de mito, totalmente incorporado ao imaginário da cultura pop: o personagem está no cinema, em minisséries de TV, desenhos animados, histórias em quadrinhos, letras de música, roupas, videogames, livros, adesivos, lancheiras de escola. O S que compõe seu emblema é tão ou mais famoso que as orelhas do Mickey Mouse.

O Superman não é só um super-herói: ele é o símbolo máximo do próprio conceito de super-herói. O Superman também é um amontoado de valores: é um exemplo de pureza, bondade, bom-mocismo. O personagem foi criado na década de 30, e de lá pra cá, muitas coisas mudaram no mundo. Os outros heróis ganharam ambigüidade, o universo anda mais irônico, menos ingênuo.

E agora, o Superman resolveu voltar: o diretor Bryan Singer trouxe o homem de aço em uma versão com ares retrô, como nos velhos tempos. Mas haverá lugar para um herói inocente nos dias de hoje?

Se depender de algumas figuras-chave da cultura pop contemporâneas – como Quentin Tarantino, Jerry Seinfeld, Kevin Smith – o Superman continua seu reinado como maior super-herói de todos os tempos. Conheça um pouco mais sobre o personagem através do olhar dessas personalidades.


TARANTINO – O MONÓLOGO EM KILL BILL 2

Tarantino é uma enciclopédia de cultura pop. Os diálogos sobre o assunto em seus filmes são sempre memoráveis, como a célebre discussão sobre o sentido do hit de Madonna “Like a Virgin” na seqüência inicial de Cães de Aluguel. Em seu último filme, Kill Bill 2, o personagem que dá título ao filme, interpretado por David Carradine, encena um monólogo sobre o Superman. Em um encontro com o diretor no aeroporto, o ator estreante Brandon Routh julgou a cena inspiradora para “Superman – O Retorno”.

A cena traz Bill comparando Beatrix Kiddo (Uma Thurman) ao Superman em uma impressionante teoria sobre alter-egos de super-heróis: “O Superman não se transformou em Superman. Superman nasceu Superman. Quando ele acorda de manhã, ele é Superman. Seu alter ego é Clark Kent. (...) O que Kent usa – os óculos, o terno – aquele é o uniforme. Aquele é o uniforme que o Superman usa para se misturar a nós. Clark Kent é como o Superman nos vê. E quais as características de Clark Kent? Ele é fraco... ele é inseguro.. ele é um covarde. Clark Kent é a crítica do Superman para toda a raça humana”.

Clique aqui para assistir à cena na íntegra.


SEINFELD – OS CURTAS DA AMERICAN EXPRESS

Outro fã famoso do homem de aço é o comediante Jerry Seinfeld. Na maioria dos episódios da série, ele sempre dá um jeito de incluir alguma referência ao personagem, seja através de um diálogo, figurino, objetos encontrados na sua casa etc. Aproveitando a deixa, a American Express provocou um encontro inusitado ao produzir uma série de curtas exclusivos para internet onde o Superman (em desenho) contracena com Seinfeld, em conversas com o já conhecido tom irônico e inteligente da série. Os dois primeiros episódios são dirigidos por Barry Levinson (“Rain Man”, “Mera Coincidência”).

Para assistir aos curtas, clique aqui. Ou aqui

KEVIN SMITH – SUPERMAN LIVES

Se existe um cineasta fissurado em histórias em quadrinhos, esse alguém é Kevin Smith. Toda sua filmografia é recheada de referências ao universo HQ: em “O Balconista” e “Barrados no Shopping”, há diversas cenas em que os personagens especulam sobre seus super-heróis favoritos, como por exemplo, quando levantam a hipótese de uma camisinha de kryptonita como contraceptivo ideal para o homem de aço. Já em “Procura-se Amy”, há um foco central nesse universo, uma vez que se trata da história de um roteirista de HQs.

Por conta desse fanatismo convicto apresentado em seus primeiros filmes, Smith acabou sendo convidado para escrever o roteiro do quinto longa do Superman, que seria dirigido por Tim Burton. O filme não chegou a sair do papel, mas o episódio inteiro rendeu uma situação engraçadíssima.

O vídeo com o próprio Smith narrando todo o caso pode ser visto aqui.

E o roteiro vazou na internet e pode ser lido aqui


CRISTOPHER REEVE – A CARA DO SUPERMAN

Ninguém melhor do que Cristopher Reeve para definir o Superman. O ator deixou sua marca interpretando o personagem no filme de 78. É da cara dele que lembramos quando pensamos no super-herói. Em uma entrevista publicada no Brasil na revista Superman 49, em 1988, Reeve conta como viveu na pele a força do personagem, em um contundente comentário sobre a importância do Superman.

“Eu vi em primeira mão como Superman realmente transforma as vidas das pessoas. Eu vi crianças morrendo de tumores cerebrais que queriam como último pedido poderem falar comigo, e irem para seus túmulos com uma paz proporcionada por saberem que sua fé neste tipo de personagem permanece intacta. Eu vi que Superman realmente importa. Elas estão conectadas a algo muito básico: a habilidade de superar obstáculos, a habilidade de persistir, a habilidade de entender a dificuldade e encará-la.”

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Não sei, leia na minha camisa

Seguindo a nossa linha inside the jornalism posto aqui a íntegra da entrevista com Maria Eduarda Araujo Guimarães, Doutora em Ciências Sociais e Professora do Programa de Mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac -SP, que foi fonte da matéria "O Meio Ainda é Mensagem", publicada na terça feira passada no Caderno Dez! e nesse humilde, ma non troppo, blog.

Dez! - Que papel ou papéis o vestuário cumpre nos cenários urbanos atuais?

O vestuário sempre teve uma função de comunicação, pois estabelecia a relação de cada indivíduo com a comunidade. O traje revelava a vinculação a uma determinada classe social, gênero, idade, profissão, etc. Os códigos eram bastante rígidos, inclusive com proibições, chamadas leis suntuárias, que impediam que os outros estratos sociais utilizassem tecidos, cores e adereços que apenas a nobreza poderiam usar. Com o crescimento das cidades, entre os séculos XVI e XIX, as pessoas começaram a circular por territórios em que ninguém as conheciam e com isso, crescem as possibilitando do uso de roupas e adereços que não correspondiam à posição social, idade, profissão. etc. Dessa forma rompe-se a relação entre o ser e o parecer. Atualmente, a circulação das pessoas nos grandes centros urbanos é ainda mais intensa, de modo que não existem referências reais sobre quem são essas pessoas e a forma como elas escolhem o seu vestuário pode ser considerada como o primeiro sinal de identificação, ainda que nem sempre corresponda à realidade. Numa sociedade como a atual em que a velocidade da informação é cada vez maior, o vestuário também tem seu papel a desempenhar no sentido de comunicar aquilo que somos, ou pretendemos ser, a forma como queremos ser reconhecidos.

Dez! - Como funciona o mundo da moda jovem nos dias de hoje?

Os jovens são, com certeza, o grupo mais visado pela indústria da moda. A necessidade da criação de uma identidade que esteja vinculada a um grupo faz com que seja entre os jovens que surjam os grupos de estilo: punks, rappers, darks, rockers, patricinhas, enfim, uma variedade de estilos desfila diante de nós diariamente e nos apontam as escolhas e formas de ver o mundo e ser visto no mundo que os jovens adotam e que se reflete no modo como constroem a sua aparência.

Dez! - Qual a influência da cultura de massa na elaboração desse papel?

A indústria cultural é uma das maiores referências para a moda, em especial a moda jovem. O cinema, a televisão e a música podem ser apontados como fonte para a criação e difusão de estilos na moda. Atrizes e atores, cantores e cantoras, modelos e esportistas são imitados em suas roupas e aparência física.

Dez! - Pode-se considerar a moda como um meio de comunicação de massa?

A moda como parte do mundo da cultura é também forma de comunicação, que se estabelece de forma não verbal. As informações que a moda difunde dão conta da variedade de identidades que os indivíduos assumem, já que a moda é uma das formas mais recorrentes para a expressão das identidades.

Dez! - Como é possível construir identidades individuais e coletivas a partir do modo de se vestir?

A construção das identidades é um sistema dinâmico no qual o indivíduo pode intervir sobre si e se reestruturar a partir da criação de múltiplos papéis sociais. As escolhas na forma de vestir estão relacionadas com essa construção de identidades e por isso, além de expressarem uma individualidade, estão relacionadas ao pertencimento a um ou mais grupos de identificação. A moda, nesse caso, funciona como elemento de ligação entre o grupo, a medida em que é compartilhada por seus membros com uma forma de representação das aspirações e estilos de vida comuns, que são exteriorizados a partir da escolha do vestuário.

- Pode-se dizer que as camisetas com dizeres irônicos, imagens apropriadas da cultura de massa ou customizadas são uma forma de construção dessas identidades?

A camiseta, mais do que qualquer outra peça do vestuário, pode ser apontada como forma de expressão, individual ou coletiva. Uma das peças do vestuário mais democrática, ela veste jovens, crianças e idosos, homens e mulheres, ricos e pobres. Além disso, passou a ser uma forma de expressão, veiculando todo tipo de inscrição: de campanhas institucionais, como a do combate ao câncer de mama, cujo símbolo dos círculos pretos e azuis que formam o logotipo da campanha foram amplamente difundidos pela circulação das camisetas, até expressão de mensagens individuais, como a do capitão da seleção brasileira de futebol de 2002, Cafu, que mostrou para o mundo todo uma camiseta com a inscrição "100% Jardim Irene" quando levantou a taça conquistada pelo time brasileiro. Verdadeiro papel em branco, a camiseta deixou de ser apenas um produto da indústria da moda para se transformar em forma de comunicação e expressão das identidades.

Dez! - Você acha que ainda existe um fetiche da marca nos jovens? Ou isso tem importado cada vez menos? Por quê?

A marca vale não pelo produto em si, mas pelo que ele simboliza. Comprar produto de uma determinada grife é uma tentativa de fazer parte daquele universo representado pelo produto. Uma bolsa é algo para se carregar objetos, não é? Mas nem todas as bolsas são iguais, ainda que todas cumpram a mesma função. Algumas trazem nomes e logotipos que remetem a um mundo de luxo e glamour que muitos querem compartilhar. Como nem sempre isso é possível, vemos cada vez mais a ampliação da falsificação. Quanto mais desejada uma marca, mais falsificada. A aquisição de um produto de uma determinada marca, ainda que falsificada, cria uma idéia de pertencer a um grupo de consumidores que sabem o que é estilo e bom gosto. Os jovens, por estarem em uma fase da vida em que as definições acerca da sua identidade ainda estão se formando e, por isso, estão ainda em busca das suas referências, é o grupo que mais vê nas marcas uma forma para estabelecer essa identidade. Lógico que isso não é uma regra e existem grupos de jovens com outras preocupações e que se posicionam em relação às marcas com muito menos interesse do que outros.

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7/11/2006


Leia na minha camisa


Pedro Fernandes
pfernandes@grupoatarde.com.br

Não se iluda, você também é o que você veste. Aquelas camisetas de bandas de rock, ícones pop, signos retrô ou com frases irônicas que no armário se não dizem quem você é, certamente denunciam quem você quer ser. “A camiseta, mais do que qualquer outra peça do vestuário, pode ser apontada como forma de expressão, individual ou coletiva. Uma das peças do vestuário mais democrática, ela veste jovens, crianças e idosos, homens e mulheres, ricos e pobres“, diz Maria Eduarda Guimarães, doutora em ciências sociais e professora do mestrado em Moda das Faculdades Senac [São Paulo].É só dar um passeio pela internet, por fotologs ou lojinhas disfarçadas de banca de revistas. Estão todos querendo vender e vestir camisetas diferentes para pertencer a algum lugar onde todos querem ser iguais. Segundo a cientista social, "a construção das identidades é um sistema dinâmico no qual o indivíduo pode intervir sobre si e se reestruturar a partir da criação de múltiplos papéis sociais. As escolhas na forma de vestir estão relacionadas com essa construção de identidades e por isso, além de expressarem uma individualidade, estão relacionadas ao pertencimento a um ou mais grupos de identificação".Punks, rappers, darks, rockers e patricinhas criam seus próprios estilos para reafirmar suas identidades dentro dos seus grupos. É por isso que a indústria da moda tem como principal alvo a juventude.
Faça você mesmo - Mas há quem não espere pela indústria e pelas vitrines. Por isso a estudante de biologia Marcela Oliveira, 18, criou uma marca de camisetas, a Miss Rock, que vende num fotolog para pessoas que querem um visual ”alternativo”, como ela mesma. ”Meu público é bem variado. Vai de crianças a senhoras de 50 anos. Todos querem parecer jovens e estar diferentes”. Para vender essa imagem de juventude ela aposta em estampas de ícones pop como Marilyn Monroe, Betty Page ou singelas fadinhas. ”Procurava coisas diferentes nas lojas de Salvador e nunca achava ou eram muito caras“. A marca existe desde mai.Da mesma maneira, em 2004, o designer Adriano Tosta, 27, colocou no ar o site da sua marca de camisetas, a Seeds ,para vender as peças que ele mesmo produz. "A idéia nasceu como nascem todas as idéias: da falta de dinheiro", brinca. A produção não é em larga escala, o que leva gente que procura exclusividade a comprar seus modelos."Meu público é formado por pessoas jovens, que não têm preconceito com nenhum tipo de idéia e com espírito vanguardista". Como na coleção de Marcela, os ícones pop como Elvis Presley, Charles Chaplin ou bonequinhas Pucca são o carro-chefe. De acordo Maria Eduarda o vestuário sempre teve uma função de comunicação, pois estabelecia a relação de cada indivíduo com a comunidade. “O traje revelava a vinculação a uma determinada classe social, gênero, idade, profissão“.Hoje essa rigidez já não existe mais. A partir do crescimento das cidades entre os séculos 16 e 19 e da consequente maior circulação de pessoas, as diversas identidades urbanas passaram a ser construídas independentemente da classe social. ”Não existem mais referências reais sobre quem são essas pessoas e a forma como elas escolhem o seu vestuário pode ser considerada como o primeiro sinal de identificação“.É aí que a camiseta entra. O fato de ser de fácil acesso a todas as pessoas faz dela o suporte ideal para estampar todo tipo de idéia. De campanhas beneficentes ou políticas à frases bem humoradas. "Verdadeiro papel em branco, a camiseta deixou de ser apenas um produto da indústria da moda para se transformar em forma de comunicação e expressão das identidades".
[coordenada]Grandes negóciosEsse apelo que a camiseta tem fez o carioca Fábio Seixas, 31, mais dois sócios importarem no fim de 2004 uma idéia americana de um site que vende camisetas feitas pelos próprios usuários. A Camiseteria [www.camiseteria.com] já tem dez meses no ar e uma média de 10 mil visitas por dia, 500 camisetas vendidas por mês, numa média de produção de três estampas mensais. Funciona assim: qualquer pessoas pode enviar estampas para serem escolhidas por votação dos usuários. Ao fim de dez dias a estampa vencedora sai da web e vira camiseta. O designer responsável ganha R$ 200 em dinheiro mais R$ 300 em produtos do site. ”Nosso modelo de negócio funciona porque é baseado no relacionamento dos usuários do site e na relação que é construída com o produto que ele ajudou a criar. Ele faz parte do produto“, explica Fábio. ”As pessoas querem fugir do óbvio e ter roupas exclusivas, de vanguarda“.O perfil de quem compra na Camiseteria é de pessoas na faixa de 25 anos, urbano [65% dos clientes está no eixo Rio-São Paulo], com acesso a internet e grana suficiente para pagar R$ 50 por camisa.

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Todas as Faces da Moeda

Segundo os dados da ONU, apenas 235 pessoas têm uma riqueza pessoal equivalente à renda anual da metade mais pobre da população do mundo.

O capitalismo moderno não é mais o mesmo, pelo menos é o que dizem os economistas e historiadores. Ele foi descrito como um sistema sócio-econômico baseado na propriedade privada, no lucro e na lei da oferta e da procura, mas agora essa definição precisa ser repensada.
“O capitalismo está mudando mesmo. Ainda não temos um nome para esse novo sistema, mas ele funciona de outra maneira. Isso não significa que ele tenha se tornado melhor ou pior”, explica Ladislau Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutor em ciências econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia.
Ainda existem a propriedade privada, o lucro e a lógica de mercado, mas a forma como esses três conceitos se relacionam é diferente hoje em dia. “Os mecanismos de concorrência foram substituídos pelos cartéis de grandes coorporações, o lucro sobre a produção pelo lucro especulativo e a propriedade dos meios de produção está sendo substituída por controle do conhecimento e da informação. Os grandes grupos de especulação enriquecem sem produzir nada, o que rompe com o princípio do capitalismo que seria remuneração proporcional aos aportes produtivos”, completa Dowbor.

Multinacionais - Com o desenvolvimento da globalização e o sucesso das políticas neoliberais, um dos fenômenos do capitalismo moderno é o poder crescente das grandes corporações multinacionais.
“As corporações de hoje se comportam como o Estado, como um gigante que nos 'dá' emprego, que nos faz sentir como participantes de uma elite por participarmos da sua marca e assim por diante”, explica Dowbor. Um dos efeitos dessa ação é a concentração de renda.
O Brasil tem a quarta maior concentração de renda do planeta, perdendo apenas para Serra Leoa, República Centro-Africana e Suazilândia, países africanos. Enquanto os 10% mais ricos no país ficam com 46,7% da renda, os 10% mais pobres se sustentam com apenas 0,5%.
“Nos termos da lógica capitalista, não há nada de errado nessa acumulação. As altas taxas de lucro são vistas como pilares do crescimento econômico e, por conseqüência, do progresso e da riqueza das nações. Segundo os mandamentos do liberalismo, o próprio mercado regula a economia”, explica Antônio Inácio Andrioli, doutorando em Ciências Sociais na Universidade de Osnabrück, Alemanha.
Ao Estado caberia a função de estimular esse processo, seja de forma indireta com infra-estrutura, pesquisa e qualificação de trabalhadores ou, diretamente, através de isenções de impostos e crédito facilitado.
“Na realidade, quando certas pessoas passam a ganhar dezenas de milhões de dólares por ano, elas não vão poder consumir mais, pois uma pessoa só pode consumir um certo volume de caviar e de champagne. Elas buscam mais renda porque o dinheiro, a partir de certo nível, não eleva a qualidade de vida, mas assegura mais poder”, explica Dowbor.

Democracia - “Por alguma razão, um mínimo de inteligência social nos levou a abandonar as formas autocráticas de poder político e construir democracias. Hoje, o poder econômico, transformado em poder político não tem nenhum controle. Está na hora de pensarmos nisto”, questiona Dowbor.
A democracia política foi um grande avanço, se considerarmos a proximidade histórica da época em que reis exerciam poder por “direito divino” e das diversas formas de ditadura, que existiram e ainda existem. Para uma corrente cada vez mais forte das ciências econômicas, chegou a hora de pensar em um tipo de “democracia econômica”.
Na década de 40, Bertrand Russell escrevia, no livro “A História da Filosofia Ocidental”, que que lhe parecia estranho considerar absurdo uma família real mandar em um país, quando é considerado normal que uma família como a dos Rockefeller ter o poder econômico e político que eles tinham.
“Achamos natural exigir transparência política. E a transparência corporativa? Achamos um escândalo dirigentes políticos terem salários de R$ 20 mil, pois se trata do dinheiro que pagamos via impostos. Mas achamos natural que um dirigente empresarial tenha um salário de R$ 20 milhões, ainda que o seu salário esteja incluído nos preços que pagamos pelos produtos. Este dinheiro é de quem?”, questiona Dowbor
A democracia econômica diz respeito à idéia de que o poder sobre o capital deve ser exercido de acordo com um pacto social e de forma democrática. Para Dowbor, é preciso estipular não só um salário mínimo, como também alguma forma de controlar a renda máxima possível para cada cidadão.
O imposto sobre a fortuna, como aplicado na França, combinado com o imposto sobre a herança, deveria assegurar um mínimo de equilíbrio social, ainda que as grandes fortunas estejam se deslocando para os mais de 50 paraísos fiscais dispersos no planeta.
“O problema são os donos das grandes fortunas. Em termos políticos, os cálculos mostram que são os únicos que perderiam com uma relação máximo/mínimo deste tipo”, explica.

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Monsieur Gainsbourg Revisited
Franz Ferdinand,
Portishead e vários
Barclay
R$ 30,90


Velho Tarado / Em 2 de março de 1991, Serge Gainsbourg morreu de ataque cardíaco. Depois de 15 anos, “Monsieur Gainsbourg Revisited“ tenta adaptar a obra do cantor francês para o universo pop/indie. As versões foram feitas por bandas como Franz Ferdinand, Portishead, Placebo e The Kills. Destaque para ”A Song For Sorry Angel“, de Franz Ferdinand, e ”I Love You“ [Me Either], de Cat Power para a famosa ”Je T’Aime [Moi Non Plus]“. [danilo fraga]
Ouça uma das músicas de Gainsbourg no original.



Begin to Hope
Regina Spektor
Sire
R$ 122,90


Diva / Regina Spektor já entra para o time das novas divas da música pop, logo acima de Björk e abaixo de Beth Gibbons. Menos melancólica que Fiona Apple, menos hippie que Tori Amos e menos afetada que Alanis Morissette, Spektor tem a suavidade do cool jazz, a pegada do blues e uma aura rocker – seu terceiro álbum conta com a participação de Nick Valensi, o guitarrista dos Strokes. Ouça "Hotel Song", "Samson" ou "Edit" e você vai saber


Por um Rock and Roll mais
Alcoólatra e Inconseqüente
Rock Rocket
Trama Virtual
R$ 25


Rock etílico / O Rock Rocket, depois de fazer um relativo sucesso na cena independente nacional, relança "Por um Rock and Roll mais Alcoólatra e Inconseqüente", pela Trama Virtual. O som é uma mistura de rock do final dos anos 60, como MC5 e Stooges, e do punk rock clássico. As músicas são as mesmas e seguem a tônica do escracho etílico e da irreverência gratuita, mas foram todas remasterizadas e ainda tem duas faixas bônus com clipes. [pedro fernandes]

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Ela


Aida Vitória*
Minhas mãos estão frias, o meu rosto ferve e a minha cabeça bombeia.

As palavras me faltam, mas os indiscretos olhares suplicam pela concordância e atitude de meus pensamentos. Esses se calam, mas ao mesmo tempo gritam, sufocam...Tento liberta-los...Articulando os lábios para que decifrem...Para que me ajude e não me doa tanto, nem faça parar de doer.

Ninguém precisa desagradar ou atrapalhar o meu silêncio, não precisa ter uma sensação que tenha alguém...Um alguém...Vários alguéns. Não preciso chorar pela falta de “expressão”, mas os meus olhos se enchem de lágrimas. Lágrimas...Lágrimas que não precisam cair.

Não falo, mas me mexo, devagar, quase parando, mas a toco...Toco em seu rosto...Em seu pescoço...Em sua mão...Seu nariz, mas insisto naquele pescoço. Falo coisa com coisa...Ouço o final das palavras, as quais quero engolir. Estou surda. Muda...Menos cega.

Meu corpo treme o tempo inteiro, minhas pernas ficam bambas, querem me derrubar...Malditas pernas carnudas. Já me cansei delas...Se pudesse colocaria outras em seu lugar.

Agora passo e passarei o meu tempo inútil pensando no que nada fiz...Pensando no que pensei fazer...Pensando no que pensei...No que sentir...No dia que sentirei novamente algo inexplicável.

Estamos juntas...Casadas. Meus olhos se casaram com uma visão do que não seria real para as suas fantasias, mesmo que tentasse, mas nunca quisesse.

Eu não precisaria de nada, que pudesse afeta-la, só toca-la...Só tocar seu pescoço...Seu rosto...Seu cabelo e olhar...Olhar...Olhar...Olhar! Tendo-a só para mim.

*Aida Vitória tem 15 anos e é estudante. Mande seu texto também.

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7/06/2006


Quero ter uma filha japonesa!



Super fofa. Igual à amiguinha dela.

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7/05/2006


Música na Internet

Segundo dados da AMI [Associação Música Internet], entidade espanhola que promove a livre troca de música na rede, mais de 1 milhão de músicos independentes promovem sua música por meio de sistemas de download gratuito na web, assim como por meio de seu website ou endereços que publicam músicas sob licenças copyleft [Creative Commons].

Em sua maioria são músicos que querem ter controle sobre seu trabalho e oferecer diversas opções para o internauta [...]"

Outro dado interessante é que o diretor da gravadora Trama, André Szajman, prometeu que, no máximo em 2 anos, todos os artistas da gravadora usarão a licença Creative Commons.

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7/04/2006


Minha identidade é minha marca

Caroline Neves tem 20 pares de All Star

Foi-se o tempo em que os jovens mais legais do mundo moravam nos Estados Unidos. Eles vestiam as melhores roupas, ouviam as melhores músicas primeiro que todo mundo, tinham os aparelhos eletrônicos mais modernos, computadores, videogames e a gente só podia ficar vendo tudo isso na tela do cinema babando. Não é mais assim. E o estudo realizado pelo instituto norte-americano Energy BBDO, divulgada no mês passado, veio provar isso.
A pesquisa ouviu 3.322 jovens [entre 13 e 18 anos] de 13 países: Estados Unidos, México, Brasil, Inglaterra., França, Alemanha, Espanha, Austrália, Rússia, Polônia, China, Taiwan e Índia. E desvendou um novo tipo de jovem, que eles chamam de criativos. Eles representam cerca de 30% da população mundial e estão em todos os 13 países pesquisados, principalmente na Europa Ocidental, onde o percentual é de 41%.
Na categoria de “jovem criativo”, se encaixam aqueles que vivem conectados à internet [70% deles entram na rede todo dia], usam programas de mensagens instantâneas e gostam de se expressar através da arte e tecnologia. Ou seja, somos nós.
A marca de besta - Ao invés das marcas mundialmente famosas, preferimos marcas que nos passem a idéia de liberdade de estilo, marcas que permitam a customização e personificação de produtos. É por isso que as marcas americanas tradicionalmente famosas, como a Coca-Cola, Dysney ou McDonald´s, aparecem em posições pouco favoráveis na pesquisa da Energy BBDO. Hoje os americanos não dominam mais a listas das dez marcas mais lembradas por nós. Um novo time de marcas ganha popularidade, Sony do Japão, Nokia da Finlândia e Adidas da Alemanha.
“Eu gosto especialmente da Cavallera. Gosto das peças bem humoradas, da identidade visual e das brincadeiras que eles fazem com as marcas tradicionais”, conta Thiago Félix, 21, estudante de comunicação. A grife de roupas utiliza o “culture jamming”, um recurso que utiliza a paródia de marcas famosas como forma de protesto. O “culture jamming” é cada vez mais usado no mundo da moda, exatamente por vender essa idéia de originalidade. Uma das possibilidades é, como Thiago, ter sua própria marca. “Estou estou trabalhando com uns amigos na criação de uma marca de camisetas, a Las Tripas", conta.
“Hoje já se observa um enfraquecimento do consumo das marcas tradicionais, uma vez que a customização, o faça você mesmo, tem se expandido no mundo da moda” analisa a comunicóloga Retana Pitombo, doutora em comunicação e coordenadora do curso de Comunicação e Produção de Moda na FTC.
Nós não somos mais alvos fáceis para a publicidade. A pesquisa da Energy BBDO revela que 62% dos jovens criativos não se interessam por propagandas e acham que eles existem demais no mundo. Isso não quer dizer que nos sejamos anti marcas, ou que não sejamos consumistas. A questão é que está fora de moda usar logotipos famosos nas roupas, a não ser que sejam aqueles que achamos que reflete alguma coisa de nossa própria identidade.
“Acho algumas marcas legais, mas não me preocupo em comprar nada de marca especialmente. A única marca que eu realmente faço questão de usar é a Converse All Star, que já faz parte da minha identidade, de quem eu sou”, diz Caroline Santos Neves, 20, estudante de jornalismo.Em sua coleção, Caroline têm 19 pares de All Star. “Me considero uma colecionadora. Não compro porque os meus estão velhos, compro modelos que eu não tenho. É absolutamente supérfluo, consumismo mesmo, mas sem culpa”, conta.

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CD-R


Rogério Skylab
Skylab VI
Independente
R$ 25


Bizarro é pouco / Funcionário do Banco do Brasil, Skylab sugere idéias bizarras em suas músicas, como estrangular freiras, asfixiar mulheres feias e matar passarinhos. Não é diferente neste Skylab IV [de uma série de 10]. Embalado por um tipo de punk rock, ele pergunta “Cadê meu Pau?“, parodia o Mc Donalds em ”Amo Muito Tudo Isso” e canta o perigoso ”Hino Nacional Do Skylab”. Se não conhece, procure. [danilo fraga]



Porcos Cegos
Heróis ou Rebeldes
Voice Music
R$ 20


Punk em português / Aproveitando a boa fase do punk em português, os ex-Blind Pigs voltam agora como Porcos Cegos. O som continua o mesmo, um punk direto com pegada forte, vocais rasgados, letras de protesto e influências de Ramones e The Clash. Ouça as boas “Pré-Julgamento”, “Plano de Governo” e ”Conquistas”. Este álbum é um bom remédio punk para a onda de emocore. [df]




Pinback
Summer in Abaddon
Touch & Go Records
R$ 30


Pop Perfeito / Tem um ar sessentista, ou do britpop dos anos 90. Mas nãoé . O Pinback é americano e de nossa década. Junto com os Beatles e os Beach Boys, eles entram na busca pela canção pop perfeita e quase chegam lá algumas vezes. ”Fortress” tem aquele jogo entre vocal e backing vocal que deixa qualquer canção bonitinha. E ”AFK” quase é agressiva. Mas o quando chega refrão todo mundo canta, mesmo sem perceber. [df]

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Ilhéus ás Avessas

Mortífera no Festival Ilhéus do Avesso I

Nos livros de Jorge Amado, Ilhéus é sempre retratada como uma terra habitada por coronéis e suas intermináveis fazendas de cacau, morenas lascivas em bordéis exóticos e turcos, muitos turcos.
A trilha sonora perfeita para esse mundo seria composta com um berimbau ou outro de vez em quando. Mas não é o que acontece no mundo real. Ilhéus [470 km de Salvador] é a terceira maior cidade da Bahia em número de habitantes [222 mil] e não se lê apenas Jorge Amado na cidade e nem se ouve somente samba.
“Estamos na terra do axé, do sol e do mar. Fica tudo mais difícil para uma banda de rock. Existem poucas delas e muita responsabilidade manter a cena viva”, conta China Gonzaga, 23, vocalista da banda de metal Mortífera.
“Ilhéus do Avesso” é, ao mesmo tempo, um festival de heavy metal que acontece na cidade e o nome de um site sobre música, mantido por China e alguns amigos. “O projeto está incentivando os headbangers de nossa cidade a não desistir de lutar por um espaço para o nosso estilo. Tivemos um grande festival em fevereiro deste ano e outros estão por vir. O site, disponibiliza as novidades do rock de nossa cidade, MP3 das bandas e galeria de fotos. É um ótimo exemplo para outras cidades do interior”, conta China.
“O Metal é o estilo que mais cresce em Ilhéus - em virtude dos eventos e pelas próprias bandas, que são boas. Estamos começando a atrair um público maior para o estilo. E isso é só o começo, vamos crescer e chamar muito mais a atenção”, aposta Murilo Costa, 24, baterista da banda Koriza, também de metal.

Mortífera / Peso sujo e tosco do hardcore dos Ratos de Porão e do trash metal do Brujeria junto com vocais de death metal. É o Mortífera, com letras suas letras português violência e signos anti-religiosos. A influência do hardcore [riffs e rápidos, bateria acelerada e poucas variações ritmicas], dá a banda uma agilidade não tão comum no mundo do metal hoje em dia.
Ouça:

Anticristo
Agonia


Koriza / O som da Koriza entre dois dos sub-gêneros mais pesados do metal: trash e death metal. As influências são bandas como Canibal Corpse e Slayer, mas em alguns momentos eles lembram o Sepultura do começo da carreira, como em “Religion = Death”. O disco é bem gravado e as guitarras, apesar de pesadas, não precisas.






Carbono 14 / A banda pretende fazer alguma coisa entre a surf music e o punk rock, mas a influência do rock brasileiro dos anos 80 fala mais alto. O riff do começo de “Carburado” lembra muito “Será”, do Legião Urbana. Em “702“, o novo single da banda, mostra que eles já estão em uma fase nova, mais interessante. Eles devem fazer muito sucesso nos luais com a galera descolada.
Ouça:
Carburado
Suspirou

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De um lado pro outro, o "rap" de Ilhéus

“Ainda falta nas bandas daqui a curiosidade de descobrir nossa raíz cultural. De explorar plenamente a nossa individualidade sem deixar de escutar o mundo”, opina Wilfredo Lessa, 32, vocalista e compositor do Projeto 3. Mas, para Jef Jacoronga, 28, um dos três MCs da banda O Quadro, existe sim na cidade alguns grupos que buscam fazer uma ponte entre as ruelas do centro de Ilhéus e as ruas de qualquer metrópole do mundo.
“Acho que a palavra que definiria a cena daqui é 'surpreendente'. As pessoas não imaginam que no interior da Bahia poderiam existir bandas que fazem ragga, dub, indie, metal, jazz e rap”, conta.
Um dos grupos que se destacam nessa empreitada é exatamente a banda de Jef. O Quadro não se contenta em utilizar a referência do rap americano e busca a influência do funk, do samba rock, da música eletrônica e do samba. “Sampleando um chorinho ou um Dub jamaicano, o importante é falar a nossa língua e fazer a música do jeito que você mais se identifica”, explica ele.

Experimentações - Nas músicas de O Quadro, o rap não é apenas um gênero musical ser seguido em todas as suas características, mas um ponto de partida, uma desculpa de onde partem algumas experimentações com ritmos diversos -“De um lado o Mc Donalds, do outro o tabuleiro da baiana”, dizem eles em uma de suas música, “De um lado pro outro”.
“O fato de ser banda já é um diferencial. Não é preciso ser rap para ter o rap como parte do cardápio. De Cassiano a Bad Brains, de Machado de Assis a John Fante, de Glauber Rocha a Quentin Tarantino, buscamos sempre informações que venham a enriquecer nossa arte e fazer de forma mais original possível”, explica Jef.
A banda está gravando um novo disco neste mês e também um videoclipe para “Circo dos Horrores” - o primeiro clipe da banda , “Valor de X2”, pode ser visto no site Bocada Forte. “Temos também uma peça de teatro que também se chama O Quadro, na qual fazemos a trilha sonora ao vivo. Ela entra em cartaz neste semestre”, completa.

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Fotologgerdiva



Quando alguém fala em arte digital, geralmente se refere à manipulações complicadíssimas de códigos fontes ou outras idéias mirabolantes do tipo. Mas não precisa ser assim. Ás vezes um gesto simples resulta numa quebra no nosso cootidiano cibernético e em resultados muito mais pregnantes. Isto é o que nos mostra o fotolog de superB, codinome de uma estudante de comunicação da UFBa. Seus auto-retratos falam por si mesmos, mas seriam apenas mais algumas entre tantas imagens que circulam pela Interenet se não fosse por um motivo: para criá-los, Fabiola não usa filmes, cameras, ou qualquer aparato do gênero. Ela usa um scaaner - artefato inventado para transformar fotos e textos em arquivos digitais. Por isso, sua poética abre um vasto campo de atuação para qualquer um que se interesse por arte e por tecnologia.

"Eu coloco o scaaner de pé, meio inclinado e fico na frente dele. Quanto mais luz tiver melhor - a nao ser que a intenção seja que o scan fique mais escuro, aí a luz do quarto e uma luminaria são suficientes. A posição da luz muda bastante o scan", explica. O difícil é separar a beleza de seu trabalho, de suas figuras e da garota em si. Não lembro se conheci primeiro Fabiola ou superB, mas no fundo não faz diferença. Veja uma matéria que saiu sobre ela na Jump, revista italiana de arte e tecnologia.

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7/03/2006


Stencil de Izolag

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Pixaram o Avião de Bush

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Eu vou te deletar te excluir do meu orkut

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Oh Yeah


Não tem tempo, parceiros ou talento pra ter uma banda, mas morre de vontade de conhecer a fundo o mundo do rock? Então vire o Damon Albarn de si mesmo e crie a sua banda fictícia! No Project Rockstar você pode criar uma bandinha de qualquer estilo musical e transformá-la no hype do momento. Para isso, você vai ter que sofrer na pele o processo de criar um single, depois outro, gravar um disco, agendar shows, receber as más críticas, ser acossado por groupies...
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E se você é daqueles que no tempo livre gosta de descobrir bandas novas e obscuras pra dizer aos seus amigos que conhece o mundo underground, o Pandora pode te ajudar. O site faz parte do Music Genome Project, destinado a "capturar a essência da música no seu nível mais profundo", segundo os criadores. Funciona assim: quando você escolhe um artista ou banda pra escutar, o programa automaticamente procura outros artistas ou bandas que tenham uma sonoridade parecida e que você possa gostar. Às vezes ele erram perigosamente, mas tudo vale a pena, quando a falta do que fazer é grande.

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Alfredo

Aída Vitória*
Decepou-lhe a língua minutos antes da sua morte.

Alfredo era um homem observador, tinha muitos amigos, mas preferia chamá-los de “conhecidos”. Por quê? Ele logo dizia para quem quer que seja, aconselhando: “Amigo só quem você confia de verdade, o resto é conhecido!”.

Já tinha ouvido e visto muitos casos de amigos induzirem o outro à perdição.

Ele morava sozinho numa rua muito movimentada, a qual não seria nada, nada recomendável para um senhor de 80 anos. Mas o que se pode fazer se sua família o colocou ali? Pelo menos eles se preocupavam com a sua saúde e visitavam constantemente.

Só passava uma certeza na sua cabeça: seu gato Frederico era o único grato para ser chamado de amigo. Fazem anos que os dois estão nessa parceria.

Para ele, o momento mais importante do seu dia era quando ia se deitar: Primeiro penteava seu cabelo grisalho, sentado de frente para a penteadeira, depois fazia uma reflexão de todas as suas aventuras olhando para o interior dos seus olhos em reflexo no espelho.

O velho era um contador de histórias de primeira. Sempre buscava algum ocorrido impressionante de sua vida e contava para quem o agradasse e, de preferência, para sua sobrinha-neta predileta, Marina.

Quando ele a olhava, sempre lembrava de um acontecimento. Como a guerra, em que ele foi convocado, largando todos os seus amores para lutar, com temor de perder tudo conquistado. Suas cicatrizes foram deixadas como mais detalhes de lembranças, em seu corpo.

Nessa guerra um menino havia lhe apontado à arma. Mas como Alfredo tinha um coração mole, não o matou. Em troca levou um tiro na cabeça, quase morreu e tudo, mas os enfermeiros disseram que ele não era um ser humano qualquer. Para compensar Alfredo disse que uns enviados de Deus queriam que ele permanecesse na terra pelo tempo determinado até que Marina se formasse na faculdade, casasse e tivesse filhos.

Numa de suas reflexões conclui que a sua missão na terra já havia acabado, então já seria a hora de partir, entretanto o velho estava completamente ciente e calmo. Quando chegasse a hora, seria a hora.

Marina sempre reclama quando ele diz que a hora dele já esta perto, que sua missão na terra já foi comprida, isso a deixa assustada. Ele sorri, abraçando-a.

Certo dia Alfredo teve uma parada cardíaca, quando estava com a sua família fazendo uns exames no hospital, graças a Deus foi lá, pois foi atendido imediatamente e infelizmente ficou por lá...Internado, agora sobre cuidados de máquinas, que nem vida tem.

Sua sobrinha Marina o visitava, mais que constantemente, dormia lá direto, é claro que ele reclamava, como um velho, mas ela o amava mais que tudo nessa vida.

Foi inevitável a morte de Alfredo, mais agilizaram a sua viagem para o céu.

*Aida Vitória tem 15 anos e é estudante. Mande seu texto para cá.

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Science of Sleep, o novo de Michel Gondry

O trailer de The Science of Sleep, novo trabalho de Michel Gondry (Brilho eterno de uma mente sem lembrança), teve divulgado seu primeiro trailer em inglês. Ele apresenta Stephane (Gael Garcia Bernal de Diários de motocicleta) e Stephanie (Charlotte Gainsbourg de 21 gramas), e explica: num mundo perfeito eles seriam perfeitos um para o outro... mas para conquistá-la ele terá que empregar toda a sua inventividade.

Não achei o trailer em inglês e botei o em francês mesmo. O trailer novo pode ser visto no Omelete.




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7/02/2006


Nem fogos, nem tambores

Zé Roberto e Zidane, no final do jogo em que a França desclassificou o Brasil

O mundo estava seguro para os passaros ontem a noite. Umas 19:00 olhei para o céu e não vi nenhum fogo de artifício. Também não havia canários voando. Nem carros buzinando nas ruas. Ontem o Brasil perdeu, novamente, da França e teve que deixar de lado a idéia de ganhar a Copa do Mundo.

Mesmo sem o apoio de Galvão Bueno, o Olodum insistiu em tocar no Pelourinho. "É um prêmio de consolação", conta Rosimeire Souza, 26, que estava em frente à Casa de Jorge Amado esperando comemorar uma vitória naquela noite. "Quando o Olodum tocou o Hino Brasileiro, eu quase chorei, de emoção e tristeza", completa.

Neste dia eu tive a oportunidade de acompanhar como as pessoas estavam vendo o jogo em várias partes de Salvador. Pude ver a esperança, nervosismo e a tristeza de várias pessoas. Não sei se isso foi bom ou ruim.

Inglaterra x Portugal - Pela manhã todos assistiam ao jogo na esperança de conhecer o adversário do Brasil na próxima fase. Eu estava almoçando no restaurante do jornal e a conversa, como não poderia deixar de ser, era sobre futebol. "Que baba horrível. Acho que a gente é muito exigente com a nossa seleção", dizia um cara que estava sentado na mesa do lado, embalado talvez pelo sentimento de irmandade que contamina todos em Copas do Mundo.

Alguns torciam para Portugal e outros para a Inglaterra. Quando terminou o jogo, ouvi gritos de "É Brasil e Portugal, porra!". Naquele momento parecia óbvio para todos que o Brasil ia chegar até a final. E o anúncio de Juninho Pernambucano no time só fazia aumentar esta certeza.

16:00 - Começa o jogo e o Brasil joga mal. Na praça de alimentação do Aeroclube algumas centenas de pessoas viam o jogo, sentadas no chão ou na mesa de algum dos bares. Não havia um telão e a atenção de todas aqueles pessoas estava focada nas poucas polegadas de uma televisão. No fundo, todo mundo suspeitava do que ia acontecer, mas ninguém admitia. Afinal, o Brasil jogou mal em todos os jogos e acabou vencendo. Jogar assim pode ser até um bom sinal.

"O jogo está bom até agora. As mudanças de Parreira foram boas", dizia o advogado Nivonildo Ferreira, 36, que levou também seus dois filhos para assistir ao jogo, Taiane de 8 anos e Diego de 1 ano e quatro meses. "Eu e minha família gostamos de assistir ao jogo em lugares públicos. Em casa você fica muito preso. O jogo vai ser 2 X 0 e quando o Brasil fizer os gols eu quero gritar bem alto e lá em casa eu fico com vergonha", dizia. Naquele dia, nem ele e nem eu gritamos nenhuma vez.

Intervalo - Ninguém sabia ainda o que ia acontecer nos 45 minutos seguintes. Quer dizer, talvez Carlos Santana, 47, marinheiro aposentado, soubesse: "O jogo está péssimo. Desde o começo da Copa eu não vi ainda a seleção jogando. Estamos jogando com uma França que chegou às quartas pela janela e vamos perder. Vai ser 1 X 0, gol de Thierry Henry com passe de Zidane", disse ele com uma fisionomia calma. Não acreditei na hora e tentei achar algum argumento racional para desautorizar a teoria dele: "Zidane não deu passe algum para Thierry Henry na Copa, eles são brigados". Carlos não me disse nada, apenas me olhou com cara de "eu tou dizendo, poupe suas emoções".

Naquele momento eu tive que sair do Aeroclube e procurar outro lugar onde outras pessoas estivessem assistindo ao mesmo jogo. Tive que sair rápido, enquanto o segundo tempo não começava. No caminho sintonizamos o rádio na Transamérica para ouvir o jogo. "Não gosto de ouvir jogo no rádio", dizia eu, "esse cara narra como se toda a jogada da França fosse perigosa. Dá muito nervosismo. Só a gente chegando logo no Imbuí para eu ver na televisão como não é nada disso". Chegamos no Imbuí e eu, infelizmente, vi as imagens na TV. Não era nada disso realmente, era muito pior.

Segundo tempo - No Imbuí, várias barracas transmitiam o jogo. Escolhemos uma, que eu achei ser a pior, mais cheia, mais cheia de gente bizarra. Depois eu vi que não era. Estavam todas assim, cheias de piriguetes e rapazes malhados. Mas não era para esse Brasil que eu estava torcendo. Era para o Brasil da missigenação cultural, das pessoas que não desistem nunca, ou qualquer imagem bonita vendida por algum comercial.

"Ver o jogo aqui é bom por causa do movimento", dizia Mariangela Telles, 19, estudante. Eu não conseguia prestar atenção em nada, só na televisão. O empate parecia péssimo. Do meu lado, um rapaz esfregava a bandeira no rosto.

Eu não lembro direito como aconteceu. Acho que eu estava reclamando da cerveja quente ou dando licença às dezenas de pessoas que queriam passar de um lado para outro. Foi diferente do gol do Japão. Naquele jogo tomamos 1 X 0, mas tinhamos certeza que iamos virar o jogo. Neste não. Quando a França fez o gol, aos 30 minutos, imediatamente veio à minha cabeça a certeza que tudo estava perdido.

Gol da França - Em campo, o Brasil parecia estar em coma. E eu não sabia se torcia para o Brasil fazer ou por uma eutanásia, para acabar logo com meu sofrimento. Não tive nenhuma das duas possibilidades e tive que conviver com a dúvida até o final do jogo - 15 minutos que pareceram horas. Chorei duas vezes.

Depois do gol o empate parecia ótimo. À minha volta, alguns sofriam como eu, outros nem tanto. "Eu tou para morrer aqui. Mas eu sou brasileira e não desisto nunca", dizia Anne Nascimento e, logo depois, foi cochichar com a amiga do lado sobre algum gatinho da mesa ao lado. Quando Robinho entrou, todos comemoraram. Já Adriano entrou em meio a vaias e aplausos.

Nenhum chute a gol até 45 minutos do segundo tempo. Até agora não acredito que isso aconteceu. E até agora não consigo escrever sobre aqueles 15 minutos - eles estão frescos demais na minha memória. Ainda não quero revivê-los. Queria ter ouvido os conselhos do velho marinheiro, me pouparia um nervoso que deve ter me custado alguns anos de vida. Mas só lembro de ter visto 3 Copas do Mundo além dessa. E das 3, ganhamos duas. Acho que fiquei mal acostumado.

Logo depois do apito final. Alguém ligou um daqueles sons enormes no fundo do carro. Acho que era Pagodart, ou seilá o que. Todos começaram a dançar como se nada tivesse acontecido. "Não sei qual a pior derrota do Brasil, no campo ou na vida real", pensei. "Acho que estou ficando velho", pensei logo em seguida. Mas eu ainda tinha que trabalhar naquela noite. Era hora de ir ao Pelourinho descobrir se o Olodum ia tocar ou não.

Fim de Jogo -
Nunca vi um jogo no Pelourinho. Quero ver, talvez na próxima Copa. Colocaram um telão em frente à Casa de Jorge Amado, logo ao lado estava a percussão do Olodum. Quando eu via este cenário na televisão, quando Galvão Bueno chamava o som do Olodum, sempre achava que aquilo era meio falso. Me pareceu bem real ao vivo.

Por algum motivo, o Olodum tocou depois do jogo.

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O Lobo da Estepe
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Pedro Fernandes lê
Valentina: Crepax 65-66
Guido Crepax


Tati Mendonça lê
Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra
Mia Couto


Camilla Costa lê
Dom Quixote de La Mancha
Cervantes


Mapa da Mina

Terça 15/08

A peça Murmúrios, baseada no texto "Pedro Páramo", de Juan Rulfo conta a história de um garoto que viaja para a terra de sua mãe em busca do pai. Lá, encontra a morte e o eterno retorno às suas circunstâncias.
Espaço Jequitaia [Calçada]
20h
Grátis [senhas no local a partir das 19h]

Quarta 16/08

A exposição Olhares Baianos – A Gosto da Photographia Ano II reúne trabalhos de artistas como Antônio Olavo, Andréa Fiamenghi, Lázaro Roberto, Célia Seriano e Mário Neto. A programação inclui palestras e oficinas. Até o dia 26
Galeria Acbeu [Vitória]
Das 14h às 20h
Grátis

Quinta 17/08

A peça Extraordinárias Maneiras de Amar é uma aventura pelo universo feminino, inspirada livremente no livro "Contos de Eva Luna", de Isabel Allende. O texto, a direção e a atuação são de Meran Vargens.
Teatro XVIII [Pelourinho]
20 h
R$ 4

Sexta 18/08

Projeto Vale O Quanto Pesa com Jazz Rock Quartet, Alex Pochat e Os Cinco Elementos
23h30
R$ 7
Festival de Inferno com Los Canos, Vinil 69 e Paulinho Oliveira
Zauber [Ladeira da Misericórdia]
22h
R$ 10

Sábado 19/08

Garage Fest, com Leela, Mosiah e Malcom
Garage [Feira de Santana]
21h
R$ 13 [pista]
Brotas Roots Rock Reggae com Os Algas, Vulgo e Inoxidáveis
Rua Frederico Costa [Brotas]
13h
R$ 5

Segunda 20/08

Atrito Rock Fest com Aditive, Djunks, Outspace
Papagayos [Patamares]
14h
R$ 10 + 1 kg de alimento

Mentinsana com Underchaos, Barulho S/A e outras
Espaço Solar [Joana Angélica]
14h
R$ 4

Domingo 13/08

Estréia do clipe Tijolo a Tijolo, Dinheiro a Dinheiro, do baiano Lucas Santana, com direção de Luis Baia e Pedro Amorin
MTV Lab
20h30

A Vida e A Obra de Samuel Becket
Teatro Vila Velha [Passeio Público]
Das 9h às 18h
Gratuito

Imperdível

Sexta-feira
18/8
Obrigado Por Fumar
nos cinemas
R$ 7 [em média]


Cinismo antitabaco


"Obrigado Por Fumar" [Thank You For Smoking] conta a história de Nick Naylor [Aaron Eckhart], um porta-voz de uma grande companhia de tabaco que tem como função passar uma boa imagem da indústria do fumo.
Ao custo de manipulação de informações e contratos com agentes de Hollywood, ele tenta combater a campanha antitabaco de um senador que pretende colocar rótulos de venenos nas embalagens de cigarro.
O filme é uma sátira que acompanha o dia-a-dia de Nick, que inclui tentar ser um exemplo para o seu filho de 20 anos. A direção é do estreante Jason Reitman e tem no elenco Katie Holmes, Rob Lowe, Robert Duvall e William H. Macy.

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