Ilhéus ás Avessas
Mortífera no Festival Ilhéus do Avesso I
Nos livros de Jorge Amado, Ilhéus é sempre retratada como uma terra habitada por coronéis e suas intermináveis fazendas de cacau, morenas lascivas em bordéis exóticos e turcos, muitos turcos.
A trilha sonora perfeita para esse mundo seria composta com um berimbau ou outro de vez em quando. Mas não é o que acontece no mundo real. Ilhéus [470 km de Salvador] é a terceira maior cidade da Bahia em número de habitantes [222 mil] e não se lê apenas Jorge Amado na cidade e nem se ouve somente samba.
“Estamos na terra do axé, do sol e do mar. Fica tudo mais difícil para uma banda de rock. Existem poucas delas e muita responsabilidade manter a cena viva”, conta China Gonzaga, 23, vocalista da banda de metal Mortífera.
“Ilhéus do Avesso” é, ao mesmo tempo, um festival de heavy metal que acontece na cidade e o nome de um site sobre música, mantido por China e alguns amigos. “O projeto está incentivando os headbangers de nossa cidade a não desistir de lutar por um espaço para o nosso estilo. Tivemos um grande festival em fevereiro deste ano e outros estão por vir. O site, disponibiliza as novidades do rock de nossa cidade, MP3 das bandas e galeria de fotos. É um ótimo exemplo para outras cidades do interior”, conta China.
“O Metal é o estilo que mais cresce em Ilhéus - em virtude dos eventos e pelas próprias bandas, que são boas. Estamos começando a atrair um público maior para o estilo. E isso é só o começo, vamos crescer e chamar muito mais a atenção”, aposta Murilo Costa, 24, baterista da banda Koriza, também de metal.
Mortífera / Peso sujo e tosco do hardcore dos Ratos de Porão e do trash metal do Brujeria junto com vocais de death metal. É o Mortífera, com letras suas letras português violência e signos anti-religiosos. A influência do hardcore [riffs e rápidos, bateria acelerada e poucas variações ritmicas], dá a banda uma agilidade não tão comum no mundo do metal hoje em dia.
Ouça:
Anticristo
Agonia
Koriza / O som da Koriza entre dois dos sub-gêneros mais pesados do metal: trash e death metal. As influências são bandas como Canibal Corpse e Slayer, mas em alguns momentos eles lembram o Sepultura do começo da carreira, como em “Religion = Death”. O disco é bem gravado e as guitarras, apesar de pesadas, não precisas.
Carbono 14 / A banda pretende fazer alguma coisa entre a surf music e o punk rock, mas a influência do rock brasileiro dos anos 80 fala mais alto. O riff do começo de “Carburado” lembra muito “Será”, do Legião Urbana. Em “702“, o novo single da banda, mostra que eles já estão em uma fase nova, mais interessante. Eles devem fazer muito sucesso nos luais com a galera descolada.
Ouça:
Carburado
Suspirou